Trabalhadores do campo vivenciam grandes desafios diante da pandemia
Live trouxe a realidade do setor rural e destacou a superação dos trabalhadores e das trabalhadoras
Publicado: 18 Maio, 2021 - 10h50 | Última modificação: 20 Maio, 2021 - 03h35
Escrito por: Socorro Silva-CUT-PI

A CUT-PI em parceria com a FETAG, trouxe durante a live "A Vida do Homem e da Mulher do Campo em Tempos de Pandemia", uma realidade que muitos (as) desconhecem, trouxe uma visão dos trabalhadores que plantam e colhem, numa rotina diária e que ainda enfrentam grandes desafios. Realizada na última segunda (17), o encontro aconteceu na página do face book da central, mostrou através de relatos por parte da Secretária de Mulheres da FETAG-PI Marlene Veloso, o quanto esses muitos homens e mulheres do campo, mesmo que diante da pandemia, trabalham e transmitem a energia da vida. A secretaria destacou que a violência as mulheres tem se agravado por conta do isolamento social, e o silêncio das vítimas junto ao seio familiar contribui para que esse cenário continue avançando.
A violência de gênero, foi um dos temas em debate durante a live, e segundo a secretaria de mulheres da FETAG-PI - Marlene Veloso: "O avanço dos casos de feminicídios tem sido visto com muita preocupação, infelizmente é um tema que assola toda a sociedade, que por muito tempo, a luta das organizações sobretudo as de mulheres, tem sido no sentido de combater essa problemática, e a gente pode dizer que é um mal, que a sociedade enfrenta, e a violência de gênero afeta toda a sociedade, e a avaliação que nós da FETAG temos feito, é que sobretudo nesse período de pandemia, desde quando se iniciou infelizmente se intensificou por inúmeras questões, mas por exemplo a questão do isolamento social que possibilitou, todo mundo junto por mais tempo de convivência, e isso sem sombras de dúvidas coloca a vítima numa situação, mais ainda de submissão diariamente, durante todo o tempo com esse agressor, é notório que tenha aumentado, e com relação a população do campo, quando se trata de campo, aí a gente estende falando da interiorização dos municípios de pequeno porte, esse mal é muito maior, porque há subnotificação, há casos que acontecem e que ficam só no convívio familiar, fica no seio da comunidade, e não há registros desses casos". Disse
Marlene lamenta que em municípios de pequeno porte as delegacias não possuem estrutura "A gente enfrenta na verdade uma sensação de insegurança muito grande, e isso culmina com o aumento dessa violência de gênero". Citou.
Paulo Bezerra - Presidente da CUT-PI fez a sua saudação aos convidados (as) e aos internautas "Nesses espaços virtuais estamos encontrando uma forma de manter os debates importantes para a classe trabalhadora, as lives da CUT-PI abrangem um grande número de pessoas, e é onde a gente traz temas de interesse de classe, de categoria, mas também de interesse da sociedade, agradecemos em nome da nossa central por todos e todas que estão nos acompanhando nesse grande debate, e aos nossos companheiros Marle e Diassis por estarem conosco nesse momento". Frisou.
Para o Secretário de Juventude da FETAG-PI "Todo o sistema já vinha numa busca constante de ser digital, e a pandemia, ela acelerou esse processo e fez com que isso acontecesse de forma muito rápida, a prova disso por exemplo é que o auxílio emergencial pra ser feito o requerimento, tem que ser feito através do celular, através da internet, e o meio rural tem uma dificuldade ainda maior, porque nós sabemos que mesmo na cidade as pessoas tem dificuldades de internet, alguns não tem telefone, não conseguem ainda se conectar, mas no nosso meio rural, essa dificuldade é ainda maior, as vezes você pode até comprar o celular, mas a internet não chega até você, pra você ter um acesso mínimo você precisa ir pra cidade correndo inclusive risco com relação a esse vírus, quando chega no interior a internet ainda é de péssima qualidade. Por esse meio que você precisa buscar os seus benefícios, o meio rural foi o mais penalizado, sem contar que a própria lei do auxilio emergencial ela não garantiu diretamente ao agricultor". Destacou. Francisco de Assis.
O secretário de juventude durante a live, frisou o entristecimento por parte da FETAG, do veto da Lei do Saudoso "Assis Carvalho (PT)", que garantia aos trabalhadores rurais o acesso ao benefício do auxilio emergencial, o que dificultou cada vez mais o acesso desse trabalhador que produz o alimento.
Segundo a FETAG, o orçamento para o setor rural vem diminuindo cada vez mais a cada ano, isso se reflete na alta dos preços, na diminuição dos alimentos, na piora da qualidade dos alimentos que chegam inclusive à cidade, porque se produz menos, a tendencia do preço é aumentar e piorar a qualidade, tendo em vista a essa realidade a sociedade só vai consumir aquilo que está ao seu alcance. "Que bom se tivéssemos um governo que entendesse a importância que tem a produção agrícola, a produção da agricultura familiar para a sociedade brasileira como um todo, não só para o campo, pois no momento em que o campo produz com qualidade a cidade tem qualidade de vida, tem alimento mais barato e de qualidade, pois é dali do município e não precisa vir de fora, não precisa ser trazido encarecendo o preço". Citou Francisco de Assis.
Acessos como a previdência também fora uma das pautas em debate durante a live, como benefícios a pessoas que estão concedidos a vários anos e que hoje estão sendo suspensos, seja ele pensão, auxílio doença, sendo considerado uma falta de humanidade em tempos de pandemia, o corte de um benefício dentro de uma realidade dessa de crise sanitária, onde até a dificuldade para se conseguir se movimentar, sem ter agências funcionando, onde o maior empecilho é onde está o maior problema que é o meio digital onde tudo está sendo concentrado, onde no caso dos trabalhadores do campo, que não possuem sequer o telefone e a internet para poder realizar o seu requerimento dos seus benefícios, o que se torna para a FETAG um momento muito preocupante, pois vai na contra mão daquilo que a federação e seus sindicatos tem defendido, que os agricultores tenham a melhor qualidade de vida, mais acesso a crédito, mais acessos a benefícios.
Na avaliação da FETAG-PI:
A vacinação contra a Covid-19 no meio dos trabalhadores rurais segue a passos lentos, com a falta de vacinas, e com a falta de qualidade da internet no setor rural, a educação dos jovens estudantes do campo está sendo prejudicada, sem computadores e sem o celular. A educação não chega como deveria, não há aproveitamento, há um agravante a vida escolar dessas crianças, o acesso à educação aumenta a cada dia, e a desigualdade também tem se feito presente, e o acesso à tecnologia tem que estar presente para todos e todas. Não pode haver retrocessos, e que a luta continua.
O corte nos recursos nas universidades federais, a suspensão da realização do censo do IBGE, e o adiamento do ENEM foram citados também na live, com sentimento de tristeza e repúdio.