Escrito por: Socorro Silva-CUT-PI

Covid-19 aumentou pobreza, fome e desigualdade; ‘Catástrofe geracional’

“Ações dos próximos 18 meses determinarão se planos de recuperação colocarão mundo no caminho”, mostra relatório da ONU

Midia NINJA
Porcentagem de pessoas vivendo na extrema pobreza no mundo aumentou de 8,4% em 2019 e 9,5% em 2020

A pandemia de covid-19 impactou o mundo de forma negativa em muitos setores, aumentado a pobreza e a fome. A porcentagem de pessoas vivendo na extrema pobreza no mundo aumentou de 8,4% em 2019 para 9,5% em 2020. Cerca de 90% dos países ainda relatam problemas diversos nos serviços de saúde. A Organização das Nações Unidas (ONU) classifica os efeitos do coronavírus como “catástrofe geracional” na educação.

Diante deste cenário, o Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2021, da ONU, aponta para a necessidade de soluções rápidas. “As decisões e ações tomadas durante os próximos 18 meses determinarão se os planos de recuperação da pandemia colocarão o mundo no caminho para alcançar as metas acordadas globalmente que visam a impulsionar o crescimento econômico e o bem-estar social, protegendo o meio ambiente”, afirma o texto.

A entidade trabalha em cima de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte da Agenda 2030. A ideia é fomentar ações e direcionar boas práticas para que o mundo alcance, ainda que tardiamente, um modelo de desenvolvimento menos agressivo e propenso às catástrofes.

Entre estes objetivos, afetados pela pandemia, é possível citar: erradicação da pobreza; fome zero; saúde e bem-estar; igualdade de gênero; água potável e saneamento; energia limpa e acessível; redução das desigualdades; entre outros.

Desigualdade

Além do aumento na extrema pobreza, os demais índices de desenvolvimento humano foram afetados como um todo. De acordo com estudos da ONU, de 119 a 124 milhões de pessoas foram empurradas para situação de pobreza em 2020, cerca de 255 milhões de empregos foram perdidos. O número de pessoas afetadas pela fome aumentou de 83 para 132 milhões.

“Estamos em um momento crítico na história da humanidade. As decisões e ações que tomamos hoje terão consequências importantes para as gerações futuras”, destaca o subsecretário-geral do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, Lui Zhenmin.

Se por um lado, os mais pobres e a classe média vivem escassez de recursos, por outro, os mais ricos ficaram mais ricos. A desigualdade crescente atinge níveis brutais em todo o planeta. Uma das evidências é a desigualdade vacinal entre as nações.

“A pandemia expôs e intensificou as desigualdades dentro e entre os países. Em 17 de junho de 2021, cerca de 68 vacinas foram administradas para cada 100 pessoas na Europa e na América do Norte, em comparação com menos de duas na África Subsaariana”, completa o relatório.

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Maiores desafios

A realidade também é especialmente difícil para países em desenvolvimento, como o Brasil. Com recuo da economia global, os fluxos de investimentos estrangeiros diretos reduziram 40%. Isso implicou, de acordo com a ONU, no aumento do endividamento dessas nações.

Mesmo com a desaceleração da economia, não foram notados efeitos significantes na redução do aquecimento global. “A desaceleração econômica em 2020 fez pouco para diminuir a crise climática. As concentrações dos principais gases de efeito estufa continuaram a aumentar, enquanto a temperatura média global estava cerca de 1,2°C acima dos níveis pré-industriais, perigosamente perto do limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris”, relata a ONU.

Confira os principais destaques do relatório:

Fonte: Brasil de Fato