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CUT-PI realiza encontro estadual de mulheres e discute políticas públicas

Mercado de trabalho, violência contra a mulher, racismo cultural e feminicídios foram temas que esquentaram o debate

Publicado: 08 Dezembro, 2020 - 12h15 | Última modificação: 08 Dezembro, 2020 - 23h24

Escrito por: Socorro Silva-CUT-PI

Socorro Silva-CUT-PI
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Encontro Estadual de Mulheres da CUT-PI

A CUT-PI através da Secretaria da Mulher Trabalhadora realizou o Encontro Estadual da Mulher, com objetivo de organizar a demanda da mulher e buscar estratégicas para combater a violência contra a mulher em parceria com demais entidades e os ramos. Devido a pandemia, e o isolamento social, o encontro aconteceu na plataforma virtual google meet, que trouxe debates enriquecedores, apresentação de vídeo destacando o racismo estrutural, que fortaleceu a importância de persistir no combate ao racismo.

Os encontros estaduais de Mulheres da CUT precedem os encontros regionais de mulheres e juntos constituem espaços importantes de debates, construções e encaminhamentos, para o 9° Encontro Nacional de Mulheres da CUT, previsto para acontecer em março de 2021.

Edimar Nascimento, secretaria de mulheres da CUT-PI, avalia que o encontro estadual alcançou o seu objetivo, trazendo debates que seguem a realidade das mulheres: "Temos que manter nossa resistência contra violência de gênero que tem sido definida como uma relação de poder e conflitos principalmente no lótus familiar, chamamos atenção para o papel do Estado na garantia de Políticas Públicas voltadas para as mulheres, a nossa realidade tem sido difícil. A violência doméstica e familiar praticada pelo homem contra a mulher é uma violência baseada no gênero, pois apresenta como alicerce a tradição do patriarcalismo, onde abarca o histórico e discriminatório pensamento do suposto dever de submissão da mulher como se ela tivesse em posição inferior a ele na sociedade". Disse.

"A violência tem aumentado diante do isolamento social, o atual quadro de violência contra as mulheres, com a destruição dos direitos trabalhistas e das políticas públicas de emprego e renda, as desigualdades de gênero, a ausência de representatividade, a desigualdade salarial, a perda de liberdade, entre outros. E isso tem que ser discutido no nosso meio, como forma de fortalecer as mulheres para o enfrentamento". Citou.

Josivaldo Martins - Escola Nordeste da CUT, e Secretário de Formação da CUT-PI "Um momento como este é extremamente importante, a nossa central está sempre a frente das lutas e das conquistas das mulheres, as mulheres tem alcançado muitas conquistas , mais ainda tem muito a conquistar, as conquistas nós sabemos sem dúvida alguma que são frutos dos debates internos e das lutas que essa grandiosa central, junto com todos os seus ramos, estruturas e instancias, e na aliança que essa central tem com os movimentos sociais, sempre combateu os desmandos, sempre combateu a falta de respeito, e a negação de direitos das mulheres. nós estamos vivenciando um momento muito diferenciado da nossa existência, passar por uma pandemia da qual nós estamos passando é uma situação de muita provação, para todos nós, cidadãos e cidadãs, mais é mais ainda para nós do movimento sindical, que fazemos o enfrentamento, que defendemos uma sociedade mais justa, e mais fraterna. Quero dizer que nós estamos vivendo hoje no nosso pais, além da pandemia, um fato que é muito ruim para nós, e é muito chocante também, nós estamos vivendo um desmonte do nosso estado, tudo que nós construímos enquanto políticas públicas, e que conseguimos avançar e aprimorar, sobre tudo nos governos de esquerda, no governo Lula e Dilma, e agora a gente vê um governo sem nenhum compromisso, que não está nem ai para a classe trabalhadora, simplesmente passando por cima de tudo que é direito, mas a gente tem feito o enfrentamento, e diante de todo esse cenário, nada mais importante que discutir o tema desse encontro, que é a questão de políticas públicas para as mulheres em tempos de pandemia". Concluiu.

Paulina Almeida - Vice Presidente da CUT e Presidente do SINTE-PI: "É muito importante esse encontro, essa discussão, sabemos que de 2013 para cá, até um determinado momento nós tivemos avanços substanciais, e de uns tempos para cá também tivemos retrocessos, para começar do nosso estado que é o opressor, que traz a desigualdade social, oprime as mulheres, sabemos que o feminicídio vem aumentando no nosso país, o assédio moral no trabalho, sabemos que n´s temos condições enquanto mulheres de avançar cada vez mais, eu penso que o caminho é esse, o caminho do debate e da resistência, da formação, para que nós possamos enquanto mulheres surpreender da necessidade de avançar cada vez mais. Em alguns países já deram exemplos  desse avanço, por exemplo a América conseguiu mais de 31% de representação de mulheres na câmara e no senado, a Europa foi quase 30%, e aqui no nosso país a gente vê que o nosso percentual é pequeno, e entendo que a partir da nossa formação nós teremos a capacidade de entender que a mulher precisa acessar os espaços de poder, porque só lá nós teremos mais condições de sair dessa situação que nós vivemos hoje, trazendo propostas, políticas públicas, criando condições para que nós mulheres melhorar a nossa situação, diante dessa realidade". Concluiu. 

Paulo Bezerra - Presidente da CUT-PI: "O que nós buscamos sempre é que as nossas conquistas sejam reconhecidas de fato, reconhecemos alguns avanços recente, mais esses avanços fica na questão dos direitos, e o que nós queremos de fato esse direito, o exercício do direito, não adianta apenas constar no papel algumas conquistas se elas não tem sido postas em práticas, tem que mudar a cultura da sociedade brasileira tem que mudar na questão dos direitos desse país, das mulheres, dos negros, das minorias, na prática essa é a expressão usada "minoria", mas nós não somos minoria, as mulheres são maioria, os negros são maioria, e isso ser tratado como minoria nós não aceitamos, não podemos admitir, igualdade de direitos não apenas na lei, mas de fato e de direito, nós da CUT-PI valorizamos essas conquistas, temos feito o que é possível e o que está ao nosso alcance para desenvolver políticas e buscar resultados que traga destaque, mas esse cenário adverso no país inteiro não se limita só ao nosso estado, nós estamos no topo do ranque de feminicídios, sabemos muito bem e reconhecemos que isso é mais uma questão regional da cultura brasileira, e que temos aqui no Nordeste, e o país sabe disso, mas nós estamos buscando essa mudança e ela virá, desde que todos nós dispúnhamos a abraçar a causa, e que momentos como esses sejam valorizados, posto em prática que tudo que se encaminhar após os debates sigam além de nós, a população precisa saber do trabalho que a CUT faz nesse país, e nós aqui do estado do Piauí temos o compromisso de divulgar o que a gente pensa para um país de igualdade, de oportunidade, para um país justo". Concluiu.  

Antônia Ribeiro - Secretaria de Combate ao Racismo da CUT-PI: “Estamos vivendo uma nova trilha a ser seguida, diante dessa nova era de pandemia, temos muito a aprender para podermos enfrentar os desafios, e nos preparar para o período pós pandemia, acredito que esse encontro é muito importante, estamos juntas e juntos nessa nota etapa, e vivenciando essa realidade agora no mundo virtual com os nossos debates". Disse.

Os temas apresentados durante o encontro foram: Mercado de Trabalho para as Mulheres em Tempos de Pandemia, com Dra. Paula Mazullo, membro da diretoria do SINAIT - Sindicato Nacional dos Auditórios Fiscais e Junéia Batista - Secretaria de Mulheres da CUT Nacional, com o tema: Disputas das Políticas Públicas para as Mulheres.

Dra. Paula Mazullo - Diretora do SINAIT:"O tema proposto mercado de trabalho para as mulheres em tempos de pandemia, é muito importante para trazer a esse encontro, tendo em vista os dados do início de dezembro que trazem um registro que existem no Brasil 14,6 milhões de pessoas desempregadas, uma pandemia que se ordenou, mas na verdade esses números não são só da pandemia, nós já estávamos beirando os 12 milhões de trabalhadores antes de começar, a pandemia veio escancarar uma realidade, ela mostra a longa crise sanitária e econômica que nós estamos vivendo, essa pandemia está em todos os continentes, mas potencialmente num país tão desigual como o Brasil, ela produz efeitos perversos". Disse. 

"A pandemia traz uma crise econômica, uma crise social, uma crise na saúde e uma crise política, nesse caso voltada para as mulheres ela causa um impacto,  é as mulheres assumiram a responsabilidade de cuidar da casa e dos filhos quando seus postos de trabalho fecharam, e muitas perderam seus empregos, e elas tiveram de assumir uma sobrecarga de trabalho, e ainda serem  capaz de produzirem em meio a informalidade, e ter que cuidar dos filhos porque as escolas estão fechadas, então isso tudo traz precedentes". Destacou.

Junéia Batista - Secretaria de Mulheres da CUT Nacional: "Nós mulheres somos a maioria da população, não só no sentido de maioria de números, mas a maioria que vota, nós somos a maioria que pariu a outra metade, ou menos da metade, porque nós parimos muitas mulheres também, e os homens. Vindo então para o Brasil, saindo um pouco do contexto mundial da pandemia, dos outros lugares do mundo, eu diria que nós temos muitos desafios, o primeiro é que precisamos admitir que nós temos uma maioria que neste momento que não sabe o que está acontecendo, nós do movimento sindical, mulheres organizadas, dos movimento sociais, dos movimentos feministas, nós sabemos das obrigações de estado, e não de governo, no caso de estado a obrigação de prover uma população  num momento de uma pandemia mundial onde a última foi há 102 anos atrás e matou  50 milhões de pessoas, a sua maioria na Europa, Ásia, nas Américas, nós estamos vivendo hoje uma situação de um caos político, social, e de total falta de recursos de atendimento a uma população que cuida da classe trabalhadora que somos nós mulheres, estamos vivendo um momento de pandemia onde as mulheres estão dentro de casa, as que estão conseguindo ficar no home office estão com toda a carga de trabalho, não é só o trabalho que ela tem que responder para o patrão, elas estão com toda a carga das aulas dos seus filhos, e nós somos a maioria de famílias monoparentais, que significa que a maioria são mães que tem que cuidar de seus filhos, que tem que responder ao estado, a sua própria comunidade, com relação por exemplo de como viver num ano de pandemia onde as crianças pobres, pretas das periferias do país não tem um celular, não tem uma conexão de internet boa para poder responder as questões das avaliações para conseguir passar de 2020, que eu digo aqui que é o ano que não existiu, para 2021, esse é um grande problema que a gente tem que em algum momento da nossa história, avaliar a chegada do pós pandemia, que ainda não se sabe quanto tempo vai durar a pandemia, e nós mulheres ainda não temos o plano B". Frisou.

Segundo Junéia, a organização dos encontros de mulheres, esse ano que estavam programados para que os estados fizessem de forma presencial não foi possível, porque tem vários fatores e o primeiro deles é "a pandemia que nos coloca no isolamento social, e o segundo que tem a ver com a organização de classe, colocada no golpe de 2016, quando acaba com o financiamento do movimento sindical, estamos vivendo a era da entrega do estado, da coisa pública para o capital, que são as terceirizações, as organizações sociais, e a gente tem que falar sobre isso, porque a população precisa dos serviços daquele posto de saúde, ela não vai querer saber se aquele funcionário que está ali é um funcionário concursado, se é um funcionário terceirizado, ela quer o atendimento, nós somos uma maioria que a gente não sabe quais são os nossos direitos, vivemos  13 anos de uma democracia participativa de mais de cinquenta mil conferências em todos os segmentos, mulheres LGBTS, povo preto, pessoas com deficiência , saúde, educação, tudo enfim, ou a gente achou que ia ficar muito mais tempo no poder, e a gente acabou não pensando que poderia ser golpeados justamente pelo patriarcal, pelo capital, que nos tirasse esses direitos, então você ter direito a uma política pública, 5 anos depois, então vai fazer 7 anos que nós não temos um estado democrático de direito no nosso país, e ainda no meio disso passamos por uma reforma trabalhista, e não conseguimos responder dentro da organização de classe quais são os papeis que nos toque enquanto classe trabalhadora, fazendo um recorte de gênero, conseguimos trabalhar várias questões, e uma que ainda conseguimos foi a questão de estar da sobrevivência, mas não conseguimos voltar a ter alguma autonomia do movimento".

Durante o encontro foi destacado os 20 dias de ativismo contra o combate ao racismo, e o dia internacional dos direitos humanos, onde foi feito o convite a todos e todas para participar da atividade das mulheres que acontecerá dia 10 de dezembro, às 08:00h da manhã, em frente ao tribunal de justiça. 

Participaram do encontro estadual de mulheres trabalhadoras da CUT-PI, o Presidente da CUT-PI - Paulo Bezerra e a Vice-Presidente Paulina Almeida, também como Presidente do SINTE-PI, a Secretaria de Mulheres Edimar Nascimento, a Secretaria de Combate ao Racismo Antônia Ribeiro, Josivaldo Martins Secretário de Formação e também um dos Coordenadores da Escola Nordeste da CUT, Paulo Marcelo, Almerinda Alves, também da Escola Nordeste da CUT, e demais convidados (as).